
Junho foi escolhido para ser o mês de conscientização sobre a leucemia e a anemia. São duas doenças do sangue, mas bem diferentes. Um dos principais objetivos da campanha Junho Laranja é divulgar informações e favorecer o diagnóstico precoce. Estatísticas do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostram que a leucemia, no Brasil, é o 9º câncer mais comum no sexo masculino e o 11º no feminino.
Devem ser registrados neste ano 11.500 novos casos: quase 6 mil homens e 5 mil mulheres serão diagnosticados. No Pará, a estimativa prevê 320 novos diagnósticos e em Belém a previsão é de 80 casos.
De acordo com o Inca, a leucemia afeta células sanguíneas da medula óssea, em sua maioria os glóbulos brancos e, geralmente, é de origem desconhecida. A médica hematologista do Centro de Tratamento Oncológico (CTO), Iê Bentes Fernandez, ressalta que a leucemia se caracteriza pela proliferação de células malignas, o que prejudica ou impede a produção das células sanguíneas normais e saudáveis, como glóbulos vermelhos (hemácias), glóbulos brancos (linfócitos) e plaquetas que são substituídos por células anormais cancerosas.
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“Com isso, com a diminuição de hemácias pode ocorrer a anemia, com a queda de leucócitos surge a baixa imunidade, deixando o paciente vulnerável a outras doenças, como pneumonia e infecção urinária, e a baixa de plaquetas pode ocasionar sangramentos, como nas gengivas”, explica a hematologista sobre a ação da leucemia contra as células sanguíneas saudáveis.
Existem diferentes tipos de leucemia. A classificação baseia-se no crescimento celular podendo ser uma leucemia aguda (crescimento rápido) ou crônica (crescimento lento), e também a partir do tipo de célula acometida.
Segundo o Inca, a radiação ionizante (raios X e gama) proveniente de procedimentos médicos (radioterapia) e o benzeno (encontrado na gasolina e largamente usado na indústria química) são os fatores ambientais que até agora foram comprovadamente associados à leucemia aguda. As causas da leucemia ainda não estão definidas, mas suspeita-se da associação entre determinados fatores com o risco aumentado de desenvolver alguns tipos específicos da doença, como tabagismo, exposição a agrotóxicos, solventes, diesel, poeiras, e infecção por vírus de hepatite B e C.
Na maior parte das vezes, os pacientes que desenvolvem leucemia não apresentam nenhum fator de risco conhecido que possa ser modificado. Por isso, a maioria dos casos de leucemia não pode ser evitada. No entanto, de acordo com o Inca, o tabagismo se correlaciona com aumento do risco de Leucemia Mieloide Aguda.
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SINTOMAS
Os principais sintomas decorrem do acúmulo de células defeituosas na medula óssea, prejudicando ou impedindo a produção das células sanguíneas normais. O paciente pode apresentar gânglios linfáticos inchados, mas sem dor, principalmente na região do pescoço e das axilas; febre ou suores noturnos; perda de peso sem motivo aparente; desconforto abdominal (provocado pelo inchaço do baço ou fígado); dores nos ossos e nas articulações.
“A campanha do Junho Laranja busca chamar a atenção da população para os sintomas da leucemia e desta forma promover conscientização, resultando em maiores chances de cura. É muito importante as pessoas ficarem atentas aos sintomas”, orienta a hematologista Iê Bentes Fernandez.
A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento).
Uma recomendação fundamental que a médica hematologista ressalta para o diagnóstico precoce é a realização do check up a cada seis meses. “Caso sinta algum sintoma, lembre-se: procure logo orientação médica”, orienta.
O principal exame de sangue para confirmação da suspeita de leucemia é o hemograma. A confirmação diagnóstica é feita com o exame da medula óssea (mielograma). Algumas vezes pode ser necessária a realização da biópsia da medula óssea. A depender do tipo de leucemia, o tratamento pode envolver quimioterapia ou anticorpos monoclonais.
Anemia
“É importante também destacarmos que uma anemia não se torna leucemia. Nesta última surge anemia, mas não o contrário. Não existe uma anemia progredir e ser a causa da leucemia”, explica Iê Bentes Fernandez.
Ainda segundo a médica hematologista, são vários tipos de anemias existentes, como a anemia por falta de vitamina B12 ou ácido fólico, ou também a anemia autoimune, sendo necessário exames para saber qual tipo a pessoa pode apresentar.
O Ministério da Saúde afirma que a anemia por deficiência de ferro, chamada de ferropriva, é a anemia mais comum entre as manifestações da doença, sendo responsável por 90% dos casos. “No Brasil, esse é um problema nutricional recorrente e atinge principalmente crianças, mulheres em idade fértil e gestantes”, informa a Pasta.
A anemia traz sérias consequências, incluindo diminuição da capacidade de aprendizagem, diminuição da produtividade no trabalho, retardamento do crescimento, apatia, perda significativa de habilidade cognitiva, baixo peso ao nascer e mortalidade perinatal. “Além disso, pode ser a causa primária de uma entre cinco mortes de parturientes ou estar associada a até 50% das mortes”, diz o Ministério da Saúde.
Os sinais e sintomas da carência de ferro são inespecíficos, sendo necessária a realização de exames laboratoriais de sangue para que seja confirmado o diagnóstico de anemia ferropriva. Os principais sinais e sintomas são cansaço generalizado, falta de apetite, palidez de pele e mucosas, menor disposição para o trabalho e dificuldade de aprendizagem nas crianças.
O tratamento para a anemia ferropriva deve ser orientado por um profissional de saúde, a partir de suplementação de ferro, com foco nas causas subjacentes responsáveis pelo desenvolvimento da doença. O diagnóstico é feito por meio de hemograma.
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